quinta-feira, 3 de março de 2011

Á deriva...

Posso sentar-me aqui ao teu lado? Prometo que não faço barrulho, prometo não te incomodar. Vou apenas olhar para ti. Para os teus olhos. Vou contar as rugas que já se fazem notar. Cada uma, cada história já vivida. Tens muito a partilhar. Mas não falas. Não tens sequer como o fazer. Somos nós que temos de nos adaptar a ti, não tu a nós. Eu oiço-te, silencioso, tas a falar. Telepatia, talvez. Tou a gostar da conversa. Posso aproximar-me ? Dás-me a mão ? Sei que não tão limpas, mas deixa que eu as limpe. Vamos os dois ver as pessoas passar. Vamos os dois sorrir para as pessoas. Vamos ser ignorados, às vezes, mas vamos fazê-lo à mesma. Partilha os teus momentos comigo. Podíamos levantar-nos, os dois de mãos dadas. Saíamos de mãos dadas desta terra ignorada. Íamos correr olhando para o mar. vamos fazê-lo os dois. Telepatia. Quero ter essa tua experiência. Quero viver, sentir, tocar. Não basta olhar com os olhos. Talvez quando tiver o dobro da idade actual, talvez já tenha essa tua experiência. Talvez tu ainda cá estejas. Talvez estejas cá, neste mesmo lugar, e ao ver-me chegar, já senhora, me aplaudas, orgulhoso. Agora, deixaremos o mar. Retoma o teu lugar, nessa terra que é a tua casa, onde cresceste, e onde viste, sentiste, tocaste, e por fim cresceste e queres morrer. Obrigado*

Fipa :p